Nota em resposta aos ataques virtuais sofridos pela PoliGen

Nota em resposta aos ataques sofridos pela PoliGen
 
No dia 17/03/2016, a página do evento da reunião da PoliGen foi vítima de ataque por parte de dois estudantes da Escola Politécnica. Eles postaram um texto com trechos de falas do ex-presidente Lula, interceptadas por escutas telefôncias, cuja legalidade e publicidade ainda estão em discussão. Tratavam-se não apenas de piadas machistas, mas de suas interpretações dos diálogos, interpretações violentas e misóginas (remetendo a estupros e à violência doméstica), que eram ofensivas não apenas a nós da PoliGen, mas a todas as mulheres. Além disso, continha um "meme", mostrando uma rua vazia e perguntando onde estavam as feministas. Ou seja, indagando sobre nossas ações frente ao diálogo machista envolvendo o ex-presidente.
 
Esse ataque contém inumeras ofensas ao nosso grupo, ao movimento feminista e às mulheres como um todo. Há também uma pressuposição de identidade entre feministas e o espectro ideológico de esquerda, o que nem sempre se verifica. O machismo e a misoginia ocorrem tanto nas ideologias tidas como "de esquerda" como naquela tidas como "de direita". Também existem companheiras politécnicas de direita, feministas, e a PoliGen é um grupo sempre aberto ao diálogo. 
 
Ademais, este tipo de ataque suscita questões como: por que dois homens, totalmente alheios ao nosso grupo, os quais nunca participaram de uma reunião, evento, ou discussão do nosso grupo, se acharam no direito de nos cobrar um posicionamento? Aparentemente, pode ser que acreditem que devido ao seu status privilegiado de homens brancos, de classe dominante e heteronormativos, podem nos dar ordens e desqualificar nosso trabalho, que é  promover a consciência das desigualdades de gênero e colaborar para a erradicação de desigualdades, preconceitos e discriminação.
 
Além disso, procuram, associar as nossas ações a uma suposta defesa do ex-presidente, e nos perseguir com base nesse motivo. Isto é, fica implícito que eles fazem uma leitura míope e polarizada da política, em que ou se está a favor e se aprova tudo o que um lado faz (seja este lado o de Lula/Dilma/PT) ou então é o exatamente oposto (coxinha/direitista). O feminismo e as lutas por direitos sociais são questões transversais e há alguns anos já não são pautas ou bandeiras exclusiva deste ou daquele partido.
 
Por fim, acreditamos na liberdade de expressão e na democracia; não compactuamos com violências - sejam  as ofensas no Facebook ou outras mais graves - motivadas pela intolerância à diversidade. Continuaremos agindo como achamos correto, em defesa democrática da liberdade e da diversidade, com o trabalho cotidiano para diminuir as desigualdes de gênero, raça e classe no nosso país, ainda tão precário na garantia de direitos.
 
A POLIGEN
Tipo de conteúdo: 
Publicidade: 
Público